Sábado, 20 de Abril de 2024

“Quero pegá-lo no colo de novo”, diz homem que salvou bebê em ataque a creche em SC

2021-05-09 às 16:59

O aposentado Ailton Biazebetti, de 64 anos, não precisa ir muito longe para reviver as cenas de terror pelas quais passou na última terça-feira em Saudades, no interior de Santa Catarina. Da varanda sua casa, ele pode avistar, a 20 metros de distância, o Centro de Educação Infantil Aquarela, onde  três crianças e duas professoras foram mortas por um jovem de 18 anos que invadiu uma creche com uma faca e uma adaga. Não fosse a ajuda de Ailton e de outros vizinhos, a tragédia poderia ter sido maior.

Antes da chegada da polícia e dos bombeiros, Ailton e outros moradores já tinham entrado no colégio para resgatar crianças e imobilizar Fabiano Kipper Mai, que tentou se matar. As crianças que foram levadas pelos vizinhos para o hospital foram atendidas pela outra moradora do entorno da creche, Elaine Nielderle.

Dos bebês lactidos pelo agressor, o único sobrevivente foi um menino de 1 ano e 8 meses, que agora se recupera no Hospital da Criança, na cidade vizinha de Chapecó. Ailton, que pegou o garoto no colo para transportá-lo de carro ao pronto-socorro e pôde sentir sua respiração falha por conta da perfuração no pulmão, se emociona ao lembrar do estado de saúde do menino.

Bebê internado

Ao GLOBO, Ailton disse que ainda não falou com os pais de Henrique, mas que pretende se reencontrar com o bebê assim que possível. A criança se encontra em recuperação, com o quadro estável, enquanto recebe atendimento médico no Hospital Regional do Oeste, na cidade vizinha de Chapecó. O garoto não tem previsão de alta, segundo boletim médico divulgado ontem. “A gente fez a nossa parte. Eu quero pegar essa criancinha no colo de novo”, disse Ailton.

Além da perfuração no pulmão, o menino teve ferimentos na bochecha, lábios e barriga. Ele está com dreno no pulmão, disse seu pai, Diego Hübler, à TV NSC, filiada da TV Globo em Santa Catarina. “O médico falou que, se nós tivéssemos esperado dez minutos até que os bombeiros chegassem, a criança não iria se salvar”, afirmou o vizinho Ailton.