Terça-feira, 23 de Abril de 2024

Fama, bastidores da TV e violência doméstica: entrevista com Ândrea Sasse, destaque da TV Vila Velha

2020-11-29 às 16:09

Beleza, alegria e jovialidade. Essas são as principais características da apresentadora ponta-grossense Ândrea Sasse. Formada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), ela começou a trabalhar aos 15 anos como modelo, recepcionista em eventos e promotora de vendas, mas foi na comunicação que encontrou o seu verdadeiro talento. Hoje, aos 42 anos, Ândrea concilia a apresentação do programa ‘In Vogue’, transmitido pela TV Vila Velha (canal 516), com o trabalho como modelo. Mãe coruja dos filhos Bárbara e Lucas, de 17 e 12 anos respectivamente, ela já acumula mais de 50 entrevistas com artistas de renome nacional no currículo. Na entrevista a seguir, a apresentadora dá mais detalhes sobre a sua trajetória e o seu trabalho.

Como começou a sua carreira de apresentadora?
Foi tudo muito rápido. Em 2012, eu participei de um concurso fotográfico e fiquei entre as 50 selecionadas, mesmo tendo mais idade do que o permitido no regulamento. Uma coisa foi levando a outra, e surgiram novas oportunidades. No ano seguinte, recebi um convite para trabalhar como pauteira em outra emissora local e ter um quadro dentro de um dos programas.

Qual é a diferença entre a Ândrea lá do início e a Ândrea de agora?
Eu não estudei Jornalismo, aprendi ao longo dos anos, vendo os outros fazendo e pegando um pouquinho de cada um para tentar montar uma Ândrea. Aprendi a improvisar e a ter jogo de cintura.

O lhe atrai no trabalho como apresentadora?
Eu amo mídia, amo holofotes, amo aplausos. As pessoas, até eu mesma quando olho o meu Facebook, queriam ter a minha vida, de tão bacana que é. Eu estou sempre postando foto, gravando, modelando para alguém ou entrevistando uma pessoa interessante. A mídia é fantástica por causa disso. Ela leva informação, mas também leva uma parte bonita da vida e estimula outras pessoas a buscarem o seu melhor.

Por que a escolha pelo formato de programa de entrevistas?
Para enaltecer e valorizar as pessoas. Eu sempre falo para os meus convidados que eu estou lá para favorecer e mostrar o quanto o trabalho deles é bacana. Eu até brinco que, se não fosse uma coisa bacana, aquele trabalho estaria num site de tragédias. Se a pessoa está sendo convidada para vir num programa de entrevista, é porque o trabalho dela é lindo e merece ser valorizado.

Como é a resposta do público ao seu trabalho?
Eu vejo um termômetro do meu trabalho principalmente nas redes sociais. As pessoas interagem, curtem, comentam, e muita pauta surge do público. Eu também tenho um reconhecimento bem bacana entre os órgãos públicos, porque eles veem que o trabalho é sério e que o meu programa funciona. Se não tivesse visibilidade e reconhecimento, não teria médico perdendo dois horários de consulta para estar lá dando entrevista.

Para você, qual é o segredo de uma boa entrevista?
O segredo é deixar o convidado à vontade. Eu procuro conversar com os meus convidados como se não estivéssemos em frente às câmeras, falando sobre ele e sobre o que ele faz. Eu uso as próprias respostas do entrevistado como gancho para fazer uma nova pergunta.

Qual foi o momento mais desafiador da sua carreira como entrevistadora?
Num primeiro momento, o maior medo que a gente tem é de não conseguir ser visto quando tem um evento muito grande na cidade. Como eu faço um trabalho muito sério, cumpro os horários e tenho uma agenda bacana, hoje as assessorias de imprensa me priorizam e mandam mensagem primeiro para mim quando vem um show nacional para Ponta Grossa.

Qual foi a entrevista mais marcante que você já fez?
Foi uma entrevista que eu fiz com a dupla Jorge & Mateus, dois anos atrás, um dia depois do meu aniversário. Eu pedi de presente que eles cantassem a música “Paredes” para mim. Eles me abraçaram e nós três cantamos juntos. Quem é que tem isso?

E qual foi a gafe mais divertida que você já cometeu?
Eu já chamei um artista nacional pelo nome errado. Eu fui entrevistar a dupla Matheus & Kauan e acabei falando Matheus & Kauê. O Kauan fingiu que não era com ele, mas o Matheus começou a rir e não parava mais. Foi muito engraçado.

Algum artista já cometeu alguma gafe durante uma entrevista com você?
Eu estava entrevistando a dupla Fernando & Sorocaba e pedi para eles cantarem uma música antiga. O problema é que o Sorocaba não lembrava a letra. Então, eu mesma comecei a cantar e pedi que eles me acompanhassem. Na gravação aparece o Fernando rindo da minha cara de pau e o Sorocaba cantarolando, tentando lembrar a letra da música.

Existe algum artista que você ainda sonha em entrevistar?
Para falar bem a verdade, hoje não. Todos os artistas famosos que eu quis entrevistar, eu consegui. A única personalidade que eu tentei entrevistar e não consegui foi o Zé Ramalho. Ele veio para Ponta Grossa e não topou conversar com ninguém. Eu entendo um pouco ele, é um senhor de idade, cheio de manias, e a gente tem que respeitar também.

Como você enxerga a relação entre fama e dinheiro?
O dinheiro pode comprar visibilidade, mas não compra fama. Se a pessoa não tiver carisma, ela não vai fazer sucesso. Eu vejo muito isso aqui em Ponta Grossa. Às vezes a menina ganha um concurso e pensa que ela é muito importante naquele ano – e realmente ela é –, mas de repente só vai nos programas que são do interesse dela, não cumpre agenda, chega atrasada. Quando acabam os eventos oficiais daquele concurso, ela não é chamada para mais nada e desaparece do mapa.

A carreira é a sua principal prioridade?
De maneira alguma. Eu preciso trabalhar como todo ser humano, mas eu priorizo as minhas crianças. Se acontecer de o meu serviço não bater com a agenda deles, eu paro de trabalhar e fico em casa. Enquanto eles não se formarem e tomarem o rumo deles, eu vou seguir assim.

Há algum tempo, você foi vítima de violência doméstica. Foi difícil superar esse episódio?
Começou com as ofensas, os xingamentos, a tortura psicológica e as proibições para que eu trabalhasse. Eu decidi cortar o mal pela raiz na primeira vez que o meu ex-marido me chacoalhou e quebrou a porta da minha casa. Eu resolvi tudo na Justiça. Hoje ele não pode chegar perto de mim e assumiu as dívidas que fez no meu cartão de crédito. Não vou aceitar que uma pessoa que me fez tudo isso retorne para a minha vida.

Que lição você tirou de toda essa história?
Nós, mulheres, temos força, temos voz, e não devemos ter medo. Quem deve ter medo e vergonha é o agressor. A mulher que sofre algum tipo de violência não deve aceitar isso na sua vida, deve dar um basta para que a agressão não se torne feminicídio, e procurar os seus direitos.

Que recado você daria às mulheres que vivem relacionamentos abusivos?
Melhor sozinha do que mal acompanhada. É uma frase pronta, mas esse ditado popular nunca vem tão a calhar quanto numa situação como essa. É melhor você estar viva, bem e íntegra do que estar com um homem que, em nome do amor, bate, machuca e prejudica. Que amor é esse? Isso é tudo, menos amor. As mulheres precisam se valorizar.

InVogue
O programa ‘In Vogue’ é transmitido pela TV Vila Velha (canal 516), ao vivo, todas as terças e quintas-feiras, das 15h às 16h, com reprise nas quartas, sextas e finais de semana.